segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

O barco da vida e o porão de si mesmo


"Todo barco que afunde no abismo do oceano tem sua totalidade invadida pela água, água que antes era estrada sem rumo, onde pairava o mesmo, a destino certo sem horizonte. Horizonte azul, bússola ao norte e uma certeza de terra firme apenas ao vislumbrá-la. O sujeito afunda em seu mar de sofrimento a qualquer vento que o balançar, erguem-se as velas, ligam-se os motores, aciona os barcos e nos últimos casos aceita como regra as profundezas pacificas do sofrimento.  
Ser navegante no caminho da vida é remar sobre águas incertas, seguir o norte da bússola, mesmo não tendo ao alcance dos olhos a praia, ou seja, é viver desejando. Desejo fundado pela falta. Falta vivida no horizonte onde a certeza está apenas no fundo do oceano, quando o casco ali bater se deixarmos o barco afundar, pois ali em baixo, poucos metros ou quilômetros os fazem crer no certo da chegada, que seja este o fundo do oceano, o suicídio do navegante ou a morte do desejo.
Como viver nos tempos de hoje, em pleno vapor do capitalismo selvagem, da tirania da praticidade e indústria da felicidade? Promessas se amontoam nos convés da humanidade. O tempo passa depressa para quem não tem tempo para se apressar no que lhe causa. A satisfação das necessidades secundárias aos montes nos tiram o tempo de olharmos a nossas entranhas, esvaziar o porão do inconsciente e calcular o prejuízo das tempestades. O autoconhecimento aparece como um barco salva vidas no meio do oceano gelado apontando uma lanterna ao sujeito escondido no porão da embarcação. Lança luz a seus excessos de carga a afundar o navio. Aos que preferem ainda assim os excessos, os corais estão cada vez mais próximos. Conheça-te a ti mesmo hoje, siga a luz do farol  da consciência, pois, após a tempestade, uma ilha se abrirá no horizonte trazendo a possibilidade de  nos libertar dos afeiçoados ao porão de nós mesmos."
AUTOR DESCONHECIDO

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