Orgulho, o arquiinimigo do perdão

Quem
já não – ao ser tomado pelo ímpeto e na certeza de estar fazendo a
coisa certa – feriu aquela pessoa com quem se convive? Seja numa
resposta “atravessada” ou numa atitude grosseira contribuímos de alguma
forma com a divisão ou o isolamento das amizades. Passado algum tempo,
já com a “cabeça fria”, percebemos que procedemos de maneira equivocada – ferindo pessoas ou até mesmo nos ferindo.
Refletir
sobre o nosso ato nos ajuda a perceber o momento em que agimos
precipitadamente; e dessa reflexão vem o remorso, o qual nos prepara
para o pedido de desculpas.
Reconhecer
que fomos precipitados nos argumentos, significa, muitas vezes,
humilhar-se e se fazer pequeno, reconhecer que errou. Perdoar ou liberar
perdão não é ter “amnésia” sobre o ocorrido, mas sim, disponibilizar-se
a restabelecer o relacionamento abalado.
Do
remorso ao perdão há uma pequena distância, mas o espaço é grande o
bastante para residir o orgulho. Sentimento este que nos tentará
convencer de que o ato de se desculpar ou reconhecer seu erro é atitude
dos fracos.
Por
outro lado, infelizmente, há pessoas que não aceitam as nossas
desculpas. Preferem romper com os laços afetivos em vez de crescer e
amadurecer por meio dos exercícios apresentados pela vida. Insistem em
manter a irredutibilidade e a prepotência, que pensam possuir, em vez de
dar o passo que romperá com as cadeias que as prendem. Talvez querendo
cumprir a lei do “olho por olho, dente por dente”, esperam por um
momento de revanche. Enquanto isso, desperdiçam tempo e amargam seus
dias, remoendo o que já está resolvido para aquele que se dispôs a se
desculpar.
A
vida é muito curta para se gastar o precioso tempo com comportamentos
que não trazem a sustentabilidade de nossas convivências. Pedir ou
conceder perdão não nos exige mais do que podemos aguentar. Sabemos de
pessoas que gastam muito tempo buscando motivos para justificar suas
infelizes atitudes, fazendo-se de injustiçadas, em vez de adotar gestos
de humildade e agir de maneira diferente. Na verdade, elas são vítimas
do orgulho, que mata pessoas e sentimentos!
Mais
importante – do que lembrar que não devemos desculpar – seria fazer uso
da faculdade de reflexão e reconhecer que ninguém está acima dos lapsos
e erros. Pois aquele, que errou hoje, poderá ser você amanhã… Não
percamos tempo monopolizando picuinhas, ressentimentos ou retendo
perdão. Se uma situação especial o faz refletir – levando-o ao ato da
reconciliação –, peça ou dê o perdão e continue a viver com a
experiência adquirida.
Situações
mal resolvidas afetam outras áreas de nossa vida. Talvez por isso
existam ainda alguns problemas não “equacionados” em nossas vidas pois,
esses, são reflexos dos fragmentos dos “elos” que deixamos se perder ao
longo do caminho.
Texto de : Dado Moura
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