terça-feira, 25 de dezembro de 2012

O QUE É O NATAL...

Eu menino sentado na calçada sob o sol escaldante. Observava a movimentação das pessoas em volta e tentava compreender o que estava acontecendo. Quem é esse Natal, me perguntava em silêncio.
Eu ouvira falar que aquele era o dia em que Papai Noel em seu trenó puxado por renas cruzava os céus distribuindo brinquedos a todas as crianças.
E por que então, eu, que passo a madrugada ao relento nunca vi o trenó voador?
Onde estão meus presentes?
Eu imaginava que o Natal não deveria ser isso.
Talvez fosse um dia especial, em que as pessoas abraçassem seus familiares e fossem mais amigas umas das outras.
Ou talvez fosse o dia da fraternidade, do perdão.
Mais então, por que eu, sentado no meio fio não recebo sequer um sorriso perguntava-me com tristeza.
E por que a Polícia trabalha no Natal.
Eu entendia que não deveria ser assim.
Imaginava que talvez o Natal fosse um dia mágico por que as pessoas enchem as igrejas em busca de Deus.
Mas por que então não saem de lá melhores do que entraram debatia-me na ânsia de compreender.
Nessa ocasião diferente ouvia risos, mas eram gargalhadas que escondiam tanta tristeza e ódio, tanta amargura e sofrimento.
E eu, mergulhado em tão profundas reflexões vi aproximar-se um homem.
Era um belo homem.
Não era gordo nem magro, nem alto nem baixo, nem branco nem preto.
Era apenas um homem com olhos cor de ternura e um sorriso em forma de carinho que numa voz em tom de enfado saudou-me.
Olá menino...
Oi.
Respondi meio tímido.
E com grande admiração vi-o acomodar-se ao meu lado na calçada sob o sol escaldante.
Eu menino aceitei-o como amigo, e atirei-lhe a pergunta que me inquietava.
“Que é o Natal?”
Ele sorrindo ainda mais me respondeu sereno.
Meu aniversário.
Como assim perguntei.
Por que você não esta em casa, onde estão os seus familiares.
E ele me disse essa é minha família, apontando para aquelas pessoas que andavam abraçadas.
Eu não compreendi.
Você também faz parte da minha família acrescentou aumentando a confusão na minha cabeça de menino.
Não te conheço eu disse.
É por que nunca lhe falaram de mim, mas eu o conheço e o amo...
Tremi de emoção com aquelas palavras na minha fragilidade de menino.
Você deve estar triste por me ver, por que está sozinho justo no dia do próprio aniversário.
Neste momento estou com você respondeu-me com um sorriso, poucas palavras, muito silêncio, muitos olhares e um grande sentimento.
Naquela prece que fazia arder o coração e a própria alma.
A noite chegou e as primeiras estrelas surgiram no céu e conversamos.
Eu menino e Ele.
E Ele me falava e eu o entendia e eu sentia e eu o amava.
Eu menino sou as cordas, ele o artista e entre nós dois se fez a melodia.
E eu menino sorri.
Quando a madrugada chegou e enquanto piscavam as luzes que iluminavam as casas ele se ergueu e eu adivinhei que era a despedida.
E eu suspirava de alma renovada abracei-o pela cintura e lhe disse...
“FELIZ ANIVERSÁRIO”.
Ele ergueu-me no ar com seus braços fortes, tão fortes quanto a paz e disse-me...
“Você pode me presentear compartilhando este abraço com a minha família que também é sua. Ame-os com respeito, respeite-os com ternura, com carinho e amizade e tenha um feliz natal.”
E por que eu não queria vê-lo ir-se embora sai correndo em disparada pela rua.
Abandonei-o levando para sempre no mais intimo do coração.
E sai em busca de abraços que aceitassem os meus.
E eu menino nunca mais o vi, mas fiquei com a certeza que ele sempre está comigo e não apenas nas noites de Natal.
E eu menino sorri, pois agora eu sei que ele é Jesus e é por causa dele que existe o Natal.

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