domingo, 2 de setembro de 2012
Disponível como argila
"O Senhor Deus plasmou o homem com o pó da terra" (Gen 2,7).
Naquele entardecer da criação, senti passos no jardim. Era ele, o Senhor da Criação.
Aconteceu que, nesse entardecer, ele parou,
inclinou-se, com um olhar carregado de amor. E, de repente, juntou-me do chão, a mim, pobre e pequeno punhado de terra, e ficou a me olhar pensativo...
Remexeu-me longamente... longamente... com todo carinho! E então, começou a me amassar: primeiro retirou de mim uma porção de impurezas que o atrapalhavam:
pedrinhas, pedacinhos de pau, ciscos. E eu fui ficando terra pura, do seu gosto.
Fez ainda outras operações, que eu não compreendia, nem poderia compreender: "Pode por acaso um vaso dizer do oleiro: eu entendo disso mais que você?" (Is 29,16).
Eu nada perguntei. Oferecia simplesmente o meu ser em disponibilidade de amor. Deixava-me trabalhar. Deixava que ele me fizesse. Porque eu sabia que era obra sua e que ele transformava com amor.
De fato, fui tomando forma. Uma forma à maneira sua, à sua imagem!
Pra que eu haveria de servir no futuro? Eu não o sabia. "Como argila nas mãos do um oleiro assim estava eu em suas mãos" Jr. 18,6. E fui me tornando obra de Deus. "E ele, aplicava seu coração em aperfeiçoar-me, pondo cuidado vigilante em tornar-se belo e perfeito" (Eclo 38,31).
Depois veio uma etapa difícil. Porque foi um forno superaquecido que ao barro veio dar força e consistência. é calor e o valor da minha vida que leva a bom termo a obra de suas mãos, O SENHOR E CRIADOR. A cada vaso muito querido, ele dá contornos de eternidade.
Então comecei a olhar em torno de mim. E descobri outros vasos que suas mãos hábeis e cheias de amor haviam amassado e modelado artisticamente. Sem cansar-se, dava ele mais outra mão àqueles que não haviam saído bem.
Cada um tinha a sua forma e sua cor, sem dúvida, isso conforme a sua destinação no mundo. Mas, do mais humilde ao mais rico, todos eram lindos, todos bem feitos.
Ele nos tinha feito como ele bem queria... "Pode, por ventura, um vaso perguntar ao oleiro: porque me fizeste assim? Não tem o oleiro poder sobre o barro para fazer da mesma argila um vaso de uso nobre e outro de uso vulgar?" (Rom. 9,20-21).
ó Oleiro Divino, Criador e Pai, permite que se cumpra em mim
a obra que começaste. Seja meu projeto o teu projeto sobre mim! “Vós sereis na
minha mão como a argila na mão do oleiro...” (Jer. 18,1-6).
AUTOR DESCONHECIDO
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