quinta-feira, 16 de junho de 2011

Pare um minuto e reflita: você é livre?


A pergunta quase despretenciosa parece ter resposta simples. Só parece. Percebi isso em uma manhã cinzenta, de chuva fininha e vento gelado, quando tudo o que eu queria era ficar mais algumas horas debaixo das cobertas. Mas o despertador teimava em avisar que meu dia estava cheio de reuniões e outros compromissos. Levantei apressado, deixei a preguiça no chuveiro e saí de casa pensando: afinal, o que me impedia de simplesmente desmarcar todos os compromissos e ficar em casa? Onde estava a liberdade que eu tinha certeza que havia conquistado?
Na hora do almoço, o mesmo pensamento dava voltas no meu humor. Fui até o restaurante perto da clínica e encontrei uma antiga amiga que há pouco e sem planejar trocou de vida. Largou o dia-a-dia cheio de viagens e nada de horários pela administração de uma loja, três filhos gêmeos, um cachorro pequeno, um marido gourmet e um jardim cheio de flores brincos-de-princesa.
Liberdade é decidir que tipo de responsabilidades queremos assumir e lutar para ser feliz com elas durante nossa história.
Em meio à conversa, comentei meu repentino questionamento. Ela riu. Disse que todos os dias fazia a si mesma esta indagação. E lembrou que naquela semana havia recebido por e-mail um destes textos que navegam sem dono. Era a lenda de um escravo que reuniu o povo, derrotou um rei tirano e tornou- se líder. No dia da posse, ele discursou por exatos quatro minutos. Disse apenas: “reinem comigo, amigos. Vamos dividir as responsabilidades e os medos. Podemos não construir o melhor reino de nossa história, mas teremos certamente o mais forte. Porque esta foi a liberdade que nós escolhemos”.
A lenda levou a conversa até a noção equivocada de liberdade que muitos de nós aprendemos desde a infância. Porque tudo nos leva a crer que liberdade é um viver solto, sem horários ou empecilhos entre o que deve ser feito e a nossa vontade. Para a maioria das pessoas, liberdade é simplesmente não ter que seguir regras nem assumir compromissos. Talvez por isso muitos ainda temam tanto as uniões estáveis e fujam do casamento. Mas é justamente o oposto. Liberdade é decidir que tipo de responsabilidades estamos dispostos a assumir e lutar para ser feliz com elas durante nossa história. Terminamos, minha amiga e eu, o almoço e o dia muito mais aliviados. As rotineiras obrigações não poderiam ser mudadas, era verdade. Mas havíamos aprendido um com o outro que vivíamos a dádiva de trilhar livremente nossas próprias escolhas. E a isso, dá-se o nome de liberdade.
AUTOR DESCONHECIDO

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