sábado, 5 de fevereiro de 2011

Moedas caídas do céu


Segundo a tradição popular, a pobre garota se vira só na casa vazia, depois que os vizinhos levaram seu pai para ser sepultado.
Ele partira pouco depois da mãe. Era tão pobre, não tinha cama, comida e nem roupa, além daquela que vestia.

Não ia longe o dia quando ela saiu caminhando e tendo nas mãos o último pedaço de pão que ganhara de véspera.
Contudo, era uma menina cujo coração parecia ocupar todo o seu corpinho, de tão grande e generoso que era.
Sentia-se muito só e abandonada, por isso pôs-se a vagar na esperança de que lhe descortinasse um destino mais promissor e feliz, pois que a si mesmo se confiava à guarda do bom Deus.

Depois de haver caminhado uma jornada significativa, encontrou um mendigo à beira da estrada que, estendendo-lhe a mão trêmula, disse com uma voz fraca:
Tenha pena de mim, pequena menina, e dá-me alguma coisa para comer, porque estou aqui torturado pela fome que me devora... A garota, cheia de compaixão, sem sequer pensar em si, deu-lhe o seu naco de pão, dizendo delicada e alegremente:
Deus o ajude e o guarde - e continuou o seu caminho. Um pouco mais além ela deparou com duas crianças, menores do que ela, que choravam desalentadas. A menorzinha aproximou-se, dizendo:
- Tenho dor nos ouvidos e frio na cabeça.

Cubra-me com o seu gorro... Prontamente a menina fez isso; e vendo a outra também cheia de frio, imediatamente despiu o seu único jalequinho, agasalhando-a. - Seguiram as três, embrenhando-se na floresta enquanto a noite caía. Chegaram ao pé de um carvalho, se acomodaram entre as folhas caídas e ali se aqueceram.

Quando o dia raiou, ela começou a ver uma série de coisas que não pôde ver quando chegou a noite. Pouco além do carvalho havia uma cabana abandonada de onde, pelo ruído que se ouvia, dava para notar que a cidade não estava distante.
A boa menina,ao se levantar muito antes das outras duas crianças, notou que o tronco do carvalho era cheio de profundas reentrâncias nas suas raízes e, observando mais de perto uma delas, a pequena viu um certo amontoado de pedras e começou a removê-las. - Uma a uma as pedras foram afastadas e bem no fundo estava um potezinho cheio de moedas.

Levou-o juntamente com as duas crianças para a cabana. Instalaram-se ali e depois de recomendar às menores que não se afastassem dali, a menina, tomando duas moedinhas, seguiu em direção à cidade. Era necessário encontrar alimentação para si e para suas companheirinhas. Logo na entrada ela deparou-se com uma feira, onde podia encontrar de tudo, mas o que mais surpreendeu a bondosa criança foram as muitas manifestações de amor e carinho que ia recebendo de todos.

Voltou para sua casa improvisada e a partir dali viveram felizes, sem jamais serem molestadas. E sempre que lhes perguntavam sobre como conseguiam sobreviver, a pequenina dizia:
"Temos moedinhas caídas do céu".
AUTOR DESCONHECIDO

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