segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Vale dos Sentimentos



Um pai, vendo o jovem e inexperiente filho possesso de ódio e fúria, tomado de um ciúme doentio pela namorada que vira conversando com outro rapaz, chamou-o para um canto e contou-lhe a seguinte estória:
Havia um lugar chamado Vale dos Sentimentos e lá moravam todos os sentimentos do mundo. Cada qual com seu nome: Alegria, Tristeza, Sabedoria, Determinação e outros.
Apesar de serem tão diferentes, se davam muito bem. Até os sentimentos como o Orgulho, Tristeza e Vaidade não tinham problemas entre si.

Mas era lá no fundo do vale, na última casinha que morava o mais bonito dos sentimentos: o Amor.
Ele era tão bom que, quando os outros sentimentos chegavam perto dele, ficavam mudados. Isso acontecia porque dentre todos eles o Amor era o melhor.
Porém, no mesmo vale, num lugar mais afastado havia um castelo. Lá neste castelo também morava um sentimento, só que não tinha nada de bom.

Era o lar da Raiva. E a Raiva, de tão ruim que era, não gostava dos outros moradores do vale. Por isso, quando acordava de mau humor, fazia de tudo para estragar a beleza do lugar.
Certo dia teve uma idéia. Foi até o calabouço e então preparou uma poção mais esquisita e estraga prazeres de que se tem notícia. A fumaça que se ergueu da poção tomou conta do lugar e do vale todo; e se transformou numa tempestade como nunca se tinha visto antes. Quando o vale se encheu de raios, chuva e vento, todos correram para se proteger. O Egoísmo foi o primeiro a se esconder, deixando todos para trás.

A Alegria deu risadas de alívio por ter se salvado rapidinho. A Riqueza recolheu tudo o que era seu, antes de se abrigar. A Tristeza, a Sabedoria... 
a Vaidade... Todos conseguiram chegar em suas casas a tempo, ... menos o Amor.
Ele estava tão preocupado em ajudar os outros sentimentos que acabou ficando para trás. Então uma coisa ruim aconteceu: Um raio cortou os céus. Ouviu-se um estrondo gigantesco e um corpo caiu ao solo. A raiva deu sua tarefa por cumprida e retirou-se para dormir.

Quando a tempestade passou, os sentimentos todos puderam abrir suas janelas aliviados. Mas ao saírem, eles sentiram uma coisa diferente no ar.
- O que aconteceu com o amor? ; perguntavam entre si
- Ele não se mexe ; afirmou outro dos sentimentos
- Tá tão parado que até parece que morreu ; exclamou outro.
Nesse momento a Tristeza começou a chorar; o Orgulho não aceitava.

Disse que tudo era mentira. A Riqueza afirmava que era um desperdício e a Alegria, pela primeira vez, verteu lágrimas pelos olhos.
Foi nesse instante que uma coisa estranha começou a acontecer. Os sentimentos começaram a ter desavenças porque sem o Amor para uni-los, as diferenças apareceram.
A situação já estava bem ruim quando eles repararam que estavam sendo observados. Alguém que eles nunca tinham visto por ali antes. Então o estranho se ajoelhou na frente do Amor... tocou-o calmamente... e ele abriu os olhos.
- Ele não morreu.

O amor não morreu! ; gritavam os outros sentimentos. Foi ai que todos puderam ver o rosto do estranho, seu nome era Tempo.
Todos comemoraram, porque o Amor estava vivo e sempre estará! Porque não há nada que possa acabar com o amor, enquanto o Tempo estiver ao seu lado para ajudá-lo.
Assim a paz voltou a reinar no Vale dos Sentimentos. O Amor e o Tempo se casaram e tiveram três filhos. Os nomes deles são: Experiência, Perdão e Compreensão. E moram juntos hoje e para todo o sempre no Vale dos Sentimentos, bem lá no fundo daquele lugar que se chama CORAÇÃO.

Após ouvir a estória o jovem, chorando, agradeceu o pai dando-lhe um abraço e saiu correndo em busca da namorada para pedir desculpas e voltar a viver sua grande paixão com a segurança própria daqueles que amam de verdade...
AUTOR DESCONHECIDO

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