quinta-feira, 12 de agosto de 2010

O preço do silêncio


Às vezes para não magoar os outros nos calamos. Criamos assim relacionamentos superficiais, onde cada um pensa que o outro está feliz.
Negamos a nós o direito de sermos transparentes e ao outro de nos conhecer transparentes e verdadeiros.
Da mesma forma outros agem conosco, por medo de decepcionar-nos.
Nos enganamos e somos enganados.
 É sinal de amadurecimento o estar preparado para ouvir o que não agrada, aquilo com que não se concorda e difere da nossa maneira de pensar ou de agir.
Consideramos sensíveis as pessoas às quais devemos ter cautela para dizer certas coisas. Mas... não é a sensibilidade o sentir o que vai dentro do outro e entendê-lo como se entendesse a si? As pessoas sensíveis entendem sim, são as susceptíveis que não entendem.
 O susceptível recebe as idéias alheias como se fosse uma ofensa ao seu eu.
 Porém, por que um saberia de todas as coisas e o outro não? Por que um compreenderia tudo e teria sempre uma visão clara das coisas da vida? Por que a razão se colocaria sempre de um lado, deixando outros do lado errado? Somos seres especiais sim, mas que aprendem a cada dia.
É importante valorizar-se, mas aprender também a diferença entre o orgulho e a humildade. O Mestre de todos os mestres sabia tudo e curvou-se para lavar os pés dos seus discípulos.
Não somos maiores que Ele a ponto de não poder nos curvar vez ou outra diante do que nos contradiz.
Às vezes nos calamos para não magoar outros sim. Às vezes recebemos observações como afrontas ao nosso ego. Incitamos as pessoas a não serem francas, porque negamos nossa franqueza em ouvir e falar.
Mas quem ama, quem ama verdadeiramente, ouve, reflete, dá o braço a torcer, queda-se, refaz e constrói relacionamentos reais e límpidos. Esse jamais estará sozinho...
 
Letícia Thompson

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