segunda-feira, 10 de maio de 2010

SER OU TER ( 2)


Quando estamos numa roda de amigos, é bastante normal que qualquer um puxe uma conversa para a questão “ter”. Muito das vezes a conversa se dirige para o passado – “eu tinha”.
Como as pessoas gostam de falar sobre suas posses patrimoniais, não só aquelas hoje existentes, mas também sobre aquelas que já não mais lhes pertence.
Porque o ser humano coloca tanta energia sobre a propriedade física de algum bem? A resposta é simples. A sociedade vem desenvolvendo essa cultura de posse a milênios.
Desde os mais tenros anos de vida, ainda na idade infantil, uma criança em formação, ela já se instala dentro desse contexto, nessa busca frenética pela posse. Começa pela posse de um brinquedo, depois dois brinquedos, três... E não para mais de pleitear, como se isso lhe fosse um direito garantido, até mesmo por criança.Os Pais, que se apóiam em falsos conceitos, ou porque quando criança não teve o bastante, ou porque trabalharam muito e agora tem um poder aquisitivo que lhes permite fazer a vontade dos filhos a qualquer preço, compram muito mais do que devem, ou muito mais do que uma criança precisa para ser feliz.
No aniversário, no Natal, no dia das crianças, as crianças ganham um presente de cada membro da família, fora o dos amigos e dos parentes.
Assim esse pequenino ser que acabou de chegar ao nosso meio, recebe uma “aula de posse” recheada de excelentes exemplos, e para isso não faltam ótimos professores.
O que se pode esperar como resultado dessa pecaminosa arbitrariedade dos seres humanos. É evidente que a condição social do “ter” estará impregnada na formação das pessoas.
Não queremos invalidar o direito a posse. No mundo atual, é importante ter uma casa própria, um veículo, etc. O que queremos é chamar a atenção para a forma de conduzir nossa educação, e a educação que oferecemos aos nossos semelhantes.
E hoje a educação se inicia muito cedo. As crianças começam sua vida escolar antes de dois anos de idade. E se quisermos mudar uma mentalidade, como essa da posse, precisaremos criar novos métodos de ensinamentos para as crianças. E a partir de novas gerações, certamente se despoluirá conceitos hoje danosos ao crescimento e desenvolvimento dos seres humanos.
Precisamos nos conscientizar que o “ter” tem limites, e que o “ser” é ilimitável e infinitamente melhor, abundante e inesgotável, e uma vez conquistado será para sempre, para toda a vida.
Reflita sobre a posse do “ter” – o ter se acaba, envelhece e apodrece, pode ser roubado ou confiscado, ou simplesmente poderá ser extinto sem pré-aviso. Um bom exemplo é quando um executivo é desligado de sua função de empregado. Nesse momento o “ter” vira pó invisível, perde-se o chão, perde-se o padrão, perde-se o poder.
Reflita sobre a posse do “ser” – o ser não acaba, está sempre pronto para o crescimento e ascensão, com o passar do tempo, melhor fica. Essa posse realmente deve ser considerada como propriedade individual. Ela pode ser doada, dada, ensinada e não deprecia e nem perde o brilho. O “ser” é seu e pronto. O ser é.
Por favor, reflitam sobre o volume de energias que vocês têm destinado ao ser e ao ter. Nunca é tarde para tomar novas e melhores direções.
Sejam felizes.
Gerson Ferrari

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