Fiz uma
aposta com meus companheiros. Apostei que apesar do gelo e da neve eu
sobreviveria por toda uma noite em uma montanha próxima.
Levei
comigo um livro e uma vela e passei a noite sentado, exposto ao um frio que
jamais havia experimentado.
Pela
manhã, mais morto do que vivo, cobrei o pagamento da aposta.
Eles não
queriam pagar e começaram a me interpelar:
- Não
teve nada, nada mesmo, para se aquecer?
- Nada –
respondi cansado.
- Nem
mesmo uma vela? – continuaram.
- Sim,
levei uma vela.
- Então,
perdeu a aposta – gritou um deles.
Achei
melhor não discutir. Fui para casa descansar.
Alguns
meses depois, convidei os mesmos companheiros para um banquete.
Na sala
de estar, eles aguardavam que a refeição fosse servida. As horas se arrastavam
e nada.
Meus
companheiros começaram a resmungar pela demora. Então resolvi convidá-los para
irem até a cozinha comigo.
Fomos
todos juntos à cozinha. Mostrei-lhes uma enorme panela cheia de água e, bem
embaixo dela, uma vela acesa. A água nem estava morna.
Comentei
com indiferença:
- Ainda
não está pronto. Não sei por qual motivo, afinal, a vela está aí acesa desde
ontem.
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