Me assustaram, cada qual em seu horário,
chegaram com a mesma reclamação:
Oi doutor, não agüento
mais essa solidão,
coisa que aperta o peito,
que dá vontade de sair correndo
pela rua
ao mesmo tempo que ficar na cama,
que faz olhar antigas fotos,
cartas de gente que nem se sabe
mais,
ai doutor isso dói bem aqui, em um lugar que nem sei
apontar".
Procurei nos compêndios médicos,
nos tratados de psiquiatria, na
internet,
e nada, nem uma palavra, mesmo que
sozinha,
sobre essa doença chamada Solidão... Não existe essa doença então.
Coisa boba que nem deve doer tanto
assim,
com certeza
melhora com uma aspirina.
Posso ficar sossegado, sentado no sofá, vendo a noite
que brilha através da janela.
melhora com uma aspirina.
Posso ficar sossegado, sentado no sofá, vendo a noite
que brilha através da janela.
Mas aí começa o meu problema,
o incômodo,vira para cá
e vira para lá, a música que toca não satisfaz, o quadro
da parede não está tão bonito, eu olhando pela janela da cidade.
e vira para lá, a música que toca não satisfaz, o quadro
da parede não está tão bonito, eu olhando pela janela da cidade.
Cresci nessa cidade,
da casa dos meus pais eu via um
longe verde sem ter fim; de noite, da mesma janela, sem nenhuma esfumaçada dificuldade via-se a estrela predileta, aquela do pedido.
longe verde sem ter fim; de noite, da mesma janela, sem nenhuma esfumaçada dificuldade via-se a estrela predileta, aquela do pedido.
Hoje vejo outros pontos luminosos
através do vidro,
tantas janelas iluminadas por lâmpadas,
pelo brilho da televisão;
o que
guardam esses pontos que só
se encontram no meu olhar...
pronto, peguei a doença... que só se encontram na minha
solidão.
Guardam beijos, guardam brigas que
já foram beijos,
filhos sendo feitos. Onde moram nessas estrelas
amarradas nos
prédios a Maria e o Pedro?
Guardam gente torcendo para o
romance na novela dar certo,
enquanto a caixa de sapatos escondida no alto do armário guarda a história de um outro romance, papel de bombom.
enquanto a caixa de sapatos escondida no alto do armário guarda a história de um outro romance, papel de bombom.
Guardam gente apostando nos
vitoriosos que vivem no limite,
quando o limite às vezes está tão próximo...
quando o limite às vezes está tão próximo...
Façam para ver, noite dessas,
fiquem na frente do vidro,
com pouca luz e olhem: podemos nos ver, mas junto com a imagem do nosso rosto, cansado, sereno, rosto que for, existe outra imagem, a dos outros lá fora, esses outros que ainda são apenas pontos luminosos na cidade que cresceu rápido demais...
com pouca luz e olhem: podemos nos ver, mas junto com a imagem do nosso rosto, cansado, sereno, rosto que for, existe outra imagem, a dos outros lá fora, esses outros que ainda são apenas pontos luminosos na cidade que cresceu rápido demais...
Toco o quem ainda não sei, toco
os outros da novidade,
quem sabe também alguém me olha exatamente agora
quem sabe também alguém me olha exatamente agora
Estrela minha, eu
desejo... como uma estrela ainda por ser
descoberta em súbito encontro, em um inusitado "bom dia
",
por vezes basta um pouco para esquentar uma luz esquecida,
de cor tão viva que se faça calor espalhando brisa...
por vezes basta um pouco para esquentar uma luz esquecida,
de cor tão viva que se faça calor espalhando brisa...
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