Bendita
é a dor que nos faz atravessar a ponte da indiferença; aquela que nos
torna próximos uns dos outros.
Vivemos
tão para nós mesmos, nosso mundo, nossos interesses, que nos
esquecemos com freqüência dos que estão ao nosso redor, pelo menos do
que eles vivem. É quando surgem as dificuldades que muitas vezes
acordamos, abrimos nossos olhos.
Nunca
estamos tão próximos da nossa família que quando
aparecem problemas,
ou quando há uma maladia. Nunca abraçamos tanto e com tanta
freqüência, nunca seguramos tanto as mãos, nunca olhamos tanto nos
olhos, nunca sentimos tanto que quando derramamos lágrimas juntos,
esperamos juntos, oramos juntos...
Pode-se
esquecer risos compartilhados, mas nunca se esquece lágrimas
compartilhadas; estas ficarão gravadas para sempre na nossa alma, no
nosso coração.
Muitas
vezes quando nos sentimos distantes, algo acontece de trágico. Então
voltamos, nos encontramos, falamos, até revivemos coisas que estavam
bem esquecidas num cantinho empoeirado do nosso ser.
Pode
parecer estranho, mas uma perda é muitas vezes um ganho. Ganhamos em
humanidade, em fraternidade. Como se fosse sempre necessário um
sacrifício para uma libertação. A dor nos torna humildes, nos vemos
pequenos e indefesos, nos reconhecemos impotentes diante de forças que
não podemos controlar. Geralmente nesses momentos a família ora em
uníssono.
Seríamos
nós, cristãos unidos, se não estivéssemos ligados à cruz e
sofrimento de Cristo?
Morre
a semente e nasce a planta; a planta se dá e nasce a flor; a flor se
dá para que uma outra possa ver o dia... e assim sucessivamente.
Às
vezes é necessário ver a perda de um ser querido para que possamos nos
reencontrar no nosso meio, entre os nossos.
Bendita
é essa dor pela qual atravessamos... e bendita é a pessoa que,
padecendo, indo às vezes, nos faz reencontrar nosso elo perdido.
Letícia
Thompson
Nenhum comentário:
Postar um comentário